domingo, 24 de agosto de 2008

Dias melhores nunca virão, enquanto dias de outrora não retornar ...


Lembro-me daqueles dias, em que nos bastava estar juntos, ríamos como verdadeiros desesperados, após um dia de guerra, que antecedia uma batalha final, e o único interesse maior era os copos que virávamos, com o nectar que só nós exergávamos, num sabor que todo mundo sente e não percebe, e neste gesto repetitivo a gente se alterava, se elevava, acima de tudo, se sentia bem, não se importando que tudo terminasse ali, mesmo para nós que não conhecíamos nada do mundo e ainda almejávamos conquistá-lo, o momento tinha um poder maior para sobrepor nossa vontade, e o copo nos vazia escravo do seu deleite, pois nossa alegria nos dominava com tão pouca sabedoria, e a ignorância nunca tinha sido tão bem vinda em nossa mesa, os números nunca tinham ficado tão ilusórios, não era uma questão de redistribuir sentido, mas era a concretização dos vários nomes que se dá, a quem se entrega num momento pra primeira coisa que te encanta, e se joga sabendo o buraco ilusório que te ilumina, como a noite que sempre continuava para nós, com muita cortesia e gentileza, mesmo depois do sol nascer, tentando nos fazer entender, que um novo dia tinha de começar, mas o nosso passado era tão recente e tão mais saboroso, que uma flor nascendo num pleno inverno quente, tinha sua ciência clara, e uma forte emoção presente, que não era assim tão rara ...
A convivência me trouxe tanto de vocês, e o tempo conseguiu levar até o que nossa alma tinha prometido pra sempre, com lágrimas que nunca mais hão de chorar pelas lágrimas que fomos capazes de derrubar, pelos feitos que como nunca tivemos de construir, de rotinas pesadas que conseguíamos aliviar com nossas mãos cansadas das horas do dia, e revitalizadas quando se encontravam entre si, numa energia que a gente sempre soube que existe, mas nunca precisou exigir...
aqueles olhos que conversavam em silêncio, com as orientações que trocávamos sem qualquer pergunta, havia uma cumplicidade assustadora, expressões que muitas vezes deixaram sim, à desejar, e nem por isso esses dias deixam de ter a sua importância extrema, ao ponto de se perderem num futuro que ta conseguindo nos tapear, com mudanças que nos faz achar que driblamos o medo, e o que a gente realmente faz é só se adaptar, enquanto o verdadeiro receio a gente não perde, o receio que segura a gente não se acrescentar ... receio que segura a gente não se procurar

terça-feira, 19 de agosto de 2008

viver aos poucos... pra morrer de vez em quando ... eis a maratona, eis os obstáculos

Talvez eu estivesse numa situação diferente ...
eu sei que chorar pelo leite derramado não leva a nada, mas é impossível não pensar no gosto que teria saboreado se alguma coisa estivesse presente ou ausente, de alguma coisa que estivesse somando ou dividindo, se eu tivesse me importado menos com coisas que sempre me pediam mais, ou se tivesse me multiplicado em vários, como me pediam os ancestrais, desculpa, mas eu assumi muita coisa, e a missão ficou deturpada, não enxergo a linha do final, mas incomum a tantos, eu escuto o disparo da largada, eu tenho uma vida passada ...
... não significa que algumas coisas compensam outras, é que tenho o hábito mesmo de achar que nem tudo está perdido, o sol atrofia os raios da pele, e a mente insana passa a acreditar nessas fábulas de luz, no túnel, no escuro, com o tempo, sem a vida ...
...o negócio agora é dar algum proveito pro inútil, usar de algo e mostrar como nunca o que é realmente ser criativo, contornar, ter jogo de cintura, lutar, e todas essas coisas clichês de quem tem garra e transforma o perfil numa atuação que premiará algum artista um dia ...
...mas começar do zero tem sua dose de esperança, recomeçar do zero rebusca uma esperança perdida, que chega meio cansada, porque a realidade já roubou um pouco, e nesta parcela vazia entra sua dor, que disperdiçou oportunidades ou no mínimo fez mal uso, e a cada disparo na largada, você lembrará o que fez de errado, será realista talvez para fazer diferente, e como não enxerga a linha no final, talvez ainda se permita sonhar como antes, pois esta é sua sina, sufocar a saudade tapiando o passado com o presente, e achando que o futuro a Deus pertence, e pra si, basta estar de pé quando o dia começa, disposto a escrever mais uma página detalhando sentimentos, porque você realmente senti muito, senti sim, eu sinto, e só peço que esta corrida acabe logo, porque as minhas forças insistirão em continuar, até que eu enxergue a linha de chegada, e finalmente me entregar para outra situação, com muito remorso, no escuro, e uma luz me enxergando, se aproximando, como um disparo que vem na minha direção...
... não é um dia difícil, não é um dia daqueles, é só um dia que não volta atrás, e um dia que nunca chega mais, a força da rotina nem tem esse poder, é uma vida se definhando, mas é uma vida, que não termina aqui, porque qualquer vida ainda tem tempo suficiente, se viver uma situação diferente !!!

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

nem o mar te trouxe de volta


E foi assim que as nuvens do céu não tiveram mais a sua razão de ser, pois o azul teoricamente bem explicado já encantava a todos sem precisar de explicação alguma, pertencente aquele universo de coisas que encantam sem muito fundamento ... basta o momento, a hora exata ... a disposição pro sentir ... e tudo ganha um pouco mais de significado !!!
Suas pretensões estavam longe, sua mente estava quase vazia, poderia ver um filme, poderia ler um livro, escutar aquele velho CD já riscado, confundir os pensamentos do passado, recordar a última vez em que esteve enumerado, em que foi contado para algo maior que contava contigo, que urgia socorro, que fazia questão, mas como tantas coisas na vida, acabou sem solução ...
Seu dia tinha sido cheio como os outros que antecedia, seu coração continua batendo, pela sobrevivência, e nada mais, seus sorrisos foram embora com quem o despertou, suas risadas foram enterradas com quem teve este merecimento, fora isso, só ficou o olhar, a atenção estremecida e exacerbada, a cópia completa do perfil de quem o esbarrou, a vibração continuada que foi estabelecida, aqueles estranhos com nomes impróprios que tiveram o seu sincero sentimento, estabeleceram um elo simples de momento, tiveram a sua energia empreitada na ação da rotina, invadiram o seu tempo e fizeram parte de sua história, foram elementos claros e precisos, e assim os fatos foram sucedidos, as pessoas foram atravessando o seu caminho, as horas foram contadas, o frio levou o vazio, e o calor chegou na forma de mão, acariciando sua vida ...
Em casa agora ele lembrava dela, dos dias em que o tempo passava mais depressa, em que sua atenção despercebia tanta coisa, e a noite não só intercedia os dias, a madrugada reinava no prazer levianamente bom, e a comunhão de dois seres ocupava o seu espaço, um instante de comoção. Era como se o dia não pudesse ser ruim, e a vida jamais se caracteriza-se como dolorida, era a paixão que tomava conta e casava com a razão que finda, era a emoção que domava o cérebro, com a música que embalava números, com cálculos que intensificavam beijos, com o sexo, que não limitava o sólido, e o orgasmo, que espiritualizava a carne, onde um mais um era dois que se dividiam em milhares ...
Eles tinham a sua trilha, eles tinham a sua história, as suas cores próprias, um roteiro original, sem romances extraordinários, só com o que tinha equilíbrio, com o sentimento que era impossível para vários ...mas agora ela foi embora, e tudo ficou impossível pra eles, ela matou o equilíbrio, como quem resiste ao parar de respirar ...como quem não vê mais filmes, como quem quebra Cds, como um gênio que fica analfabeto por vontade, como quem esquece lembranças mas não saudades, e agora só sabe que é dia, quando o azul do céu estrala, quando o sol brilha, um estranho aperta a sua mão salgada, rouba o pouco do bem que lhe resta, a chuva não embala mais a tarde, agora ela está no céu ...e foi assim que as nuvens não tiveram mais a sua razão de ser ...

sábado, 2 de agosto de 2008

ignorando o efeito, pegando a borboleta !!!


Ele só queria um instante de paz, sem ter que fugir, sonhar, com a naturalidade de um suspiro,
sem que alguém informasse que era algo de sua mente, contemplar a natureza com a postura de alguém que está fazendo algo bom, visitar um velho amigo, para ter a certeza, de que também tem um passado
Ganhar uma estrelinha no caderno, para saber que pode ser motivo de orgulho, ser convidado pra um aniversário, para saber que tem a sua devida importância, guardar um segredo de alguém, como se aquilo pudesse lhe servir de trunfo, e aprender uma coisa nova, pois mesmo sem saber, este bem estar, era porque queria crescer.
Voltar sozinho da escola, já era pra sí, uma aventura, sem saber que isso também lhe trazia o gosto da independência, e ao ouvir vozes gritar o seu nome no portão, ele lembrava do seu antigo império, sem saber o que isso significava, e se perdia em instantes, quando se tornava apenas mais um, como ele tanto queria.
Ele não tinha medo da solidão, mas tinha medo do tanto que gostava dela, como se presumisse que de certa forma, ele sempre estaria sozinho.
Ele sabia que um dia poderia voar, assim como sabia que aquilo que via, era truque, e que quando todos crescessem e parassem de acreditar, ele continuaria...
Ele sabia e gostava de ser o melhor quando podia, e sabia ainda, que aquilo significava pouco perto do que realmente ele queria, carregava uma habilidade fenomenal, de sempre se destacar, mas sabia que sempre viveria o instante, de ser superado, e de apenas ajudar.
Ele seria uma sombra certa, um segundo plano, para nunca alcançar, e é com este sacrifício imenso, que ele iria se transformar.
Ele não foi pioneiro, mas soube de coisas antes do seu tempo, ele não precisou inventar nada, para falar de coisas que ninguém sabia, ele não mudou nada, para se aproximar daqueles, que lhe agradaria, trabalhou no tempo certo, estudou o tanto que devia, pesquisou o que lhe interessava, e assumiu até o que não poderia, mas ele honrou seu nome, e honrou sempre, a sua família, já nasceu com sua verdade, e aderiu o que já bastaria, escolheu entre tantos princípios, e socorreu aqueles que um dia, o temeria.
Ele chorou bastante sozinho, gargalhou em grandes conjuntos, encarou quando achou preciso, e sorriu, para vários estranhos, amadureceu antes da hora, mas isso era fato, já se percebia, não se prejudicou, caiu mundo afora, mas num mundo limitado, que mal lhe cabia, enxergou coisa antes de ver, escutou com ouvidos de terceiros, aguçou sentidos sem precisar tocar, e causou muito susto, até quando não era divertido.
Ele imitou, e mesmo assim foi diferente, diferenciou-se, sem ser esquisito, tem suas histórias de férias, seus desenhos, e brincou com tudo aquilo, teve sua época nascente, mergulhou em presentes, participou de mentiras, e sofreu normalmente, com o que não havia conseguido.
Teve medo do que não existia, angustiou-se quando foi o momento, sentiu as perdas e saudades da vida, e procurou ser alguém normal, para não ser esquecido, enfrentou as mudanças quando a idade chegou, correu da verdade, para entardece-la, se formou por inteiro, e ninguém ignorou, e ainda lembra daqueles dias, em que só queria escrever um livro, aparecer na televisão, brincar a tarde inteira, e dormir domingo de dia...
Quis pensar na vida, antes da hora, escolheu as pessoas, antes que escolhessem, pisou na bola, e perdeu parte de ser feliz, se arrependeu, sem sentir remorsos, amou muito, porque não conseguia controlar, e criou coisas muito próprias, porque ninguém conseguia aceitar.
Ele complicou o mundo, porque arriscou que seria mais interessante, e hoje paga este risco, com prestações altas ...preço exorbitante ... e se pergunta das atitudes que teve, e de quem se tornou, e porque não mudou aquele dia...
... que chegou da escola, feliz com a nota, contente por brincar, alegre com a família, mas fechado no quarto, onde se viu no futuro, disposto a viver a história que sabia contar, mesmo sabendo como infelizmente, ela iria terminar !!!