sábado, 12 de setembro de 2009

...e se isso for vida, me traga uma dose a mais...


Não dependia das horas que findavam o dia, mas logo a noite, justamente a noite, era o momento de nos percebermos um pouco mais, nossos olhares simplesmente se procuravam superando o que nossa intenção almejasse, nós nos ouvíamos, despejávamos os depoimentos mas sórdidos ou tristes, nos compreendíamos, soltávamos as mais indiscretas risadas mesmo do que parecia podre, nos divertíamos, não tentávamos ser, comprometer, aparecer, nada, queríamos apenas aproveitar aqueles minutos sagrados, que na maior felicidade possível se incorporava em poucas horas que nos separava de nossos sonhos sobre o colchão, sonhos esses que talvez, pela única vez, não seriam mais bem sucedidos que a realidade que estávamos ali construindo a cada gesto, o nosso toque nada experimental, por vezes eu até confundia se te queria, até queria, mas sem me forçar decidir se no teu sentido ou no meu, ou se aquilo tudo já estava tão maravilhoso para ainda querer extrair qualquer sentido que fosse, duas lágrimas que se consolavam sem que uma precisasse derreter, um único abraço para que se importasse, e tudo aquilo já bastava para as mazelas que estávamos por viver, o que era agora eu não sei, mas a gente se notava, explorava, decorava, mensurava, e a emoção que conseguíamos estourar no outro, apenas por aquela hora, nos curava ...

Não dependia somente do espetáculo que apresentávamos, foi as inúmeras preparações de bastidores que nos aproximou, talvez o peso daquilo que se questionou, mas em nosso íntimo nunca se revelou talvez por inteiro tudo que se desejou, mesmo assim um carro na estrada a gente colocou, uma parada sagrada, apenas por um expresso na mesa foi o que nos separou, histórias mencionadas, píadas contadas, metas traçadas, me iludi com o apoio conquistado, me sucumbi, julgando importante o que era consumado, pra mim foi vital, pra você, temporário, as inúmeras linhas que inclusive hoje me treinaram para estar aqui por várias vezes foram suas exclusivas, e as suas ainda carrego como minhas, porque provavelmente não serão renovadas, pensei que fôssemos algo além da data comum, um mês que separava mas um número que nos faria mais que um, nem era de acreditar nessas coisas, mas a energia era coisa evidente, ameaçou inclusive estarmos sempre sorridente, demos cartas distintas, mas juntamos quando enxergamos estar somente, e agora a gente atualiza novidade, como se não existisse qualquer outra vontade, e a grande coisa que eu não consegui interpretar, o que era ?, talvez hoje nem mais é, e não terei oportunidade mais de ver o que será, se assim ainda fosse o que há ...

Primeiro um encantamento tolo, resquícios de que estava solto, característica de alguém ainda bobo, se era o que pensei, hoje nada sei, apenas não progrediu, nem se pareceu com o que se definiu, mas na saudação que revelou, alguma coisa sincera se viu, e nos tantos dias depois que vieram, mas tantas coisas que nos marcaram, entregamos de bandeja e nem sequer nos roubaram, oportunidades que no futuro diremos, “eles não estavam”, mas houve aquele lanche na praça, aquele porre que te deixou sem graça, aquela viagem com agitos quentes, meia brasa, a energia louvável que levo e trago pra casa, não sei o que na mente de cada um ficou, não sei nem direito o que o coração carregou, mas nesses momentos pra mim alguma coisa forte se prontificou, e nunca talvez estará completa, enquanto minha ignorância, existir frente aquilo que para cada um, significou, mas ainda assim os dias merecem outra aposta, em nossa varanda é da nossa conversa que a gente gosta, da magia das almas que desfilam suas idéias primogênitas, imperando outro jardim de rosas, ignoramos a paisagem, passamos por cima da imagem, fomos direto para o conteúdo, expressamos logo de cara nossa vantagem, e foi aí que percebi o sentimento que tantas vezes se estabeleceu, talvez não se completou, e o tanto que pequei quando ele não cresceu, não sei se algo restou, mas ainda posso fazer algo com o resto que é meu, e agora o passado quer dizer que impulsionou, o futuro não se deslocará de tempo pra dizer se nos juntou, e o presente me mata na dúvida, na dúvida de acreditar em tantas coisas que parecem uma só, no que tudo isso era, e não quero terminar como tudo se encerra ...


“não, não pode ser, não era assim, não era isso, não era amor, isso, não era amor, era melhor...e se no final as coisas não derem certo, não tera sido por falta de felicidade “

9 comentários:

TRΛИSĞRЄSSIVΛS disse...

OLÁA
AINDA NAUM LÍ SEU EXTOAINDA BABY. ESTOU COM MUITO TRABALHO, MAS FAVORITEI E A NOITE ENTRAREI
UM GRAND BEIJO

Anônimo disse...

Querido amigo avassalador...
A citação final entre aspas, voce tem o autor e a obra? Ficou bom o fechamento.
Parece que o fim e o titulo sairam do mesmo texto , ou não?

Anônimo disse...

Qta frescura.

Rafael disse...

pra mim foi vital, pra você, temporário

lindo isso,lindo e trágico

Rafael disse...

“não, não pode ser, não era assim, não era isso, não era amor, isso, não era amor, era melhor...e se no final as coisas não derem certo, não tera sido por falta de felicidade “

foi a coisa mais linda q li nos ultimos anos

Rafael disse...

Encontrar auroras e possibilidades douradas, amar uma alma rica e ousada: todos precisam disso (...)ao menos uma vez na vida.[quando nietzsche chorou] esse trecho do livro me lembrou seu texto

abraço

Vanessa Karoline . disse...

Oii :)

vi seu comentário no meu blog e resolvi dar uma passadinha por aqui .

seu blog é show e parabéns pelos textos ;)

Sucesso!

beeeijos:*

Anônimo disse...

Maior viagem esse texto... gostei demais dele e gostaria de saber se foi iscrito inspirado em algum autor e tal... foi?... Enfim... abração...

Keisy Oliveira disse...

Que lindo isso! ...Mas trágico' ameii o texto! Está de parabéns! bjoos!