terça-feira, 30 de novembro de 2010

Talvez do lado de lá as coisas mudem de significado ...




O porquê desse desejo tolo, de uma alegria insana, um sorriso bobo, ou uma gargalhada explodindo na garganta

O motivo de um amor encontrado, de uma bala perdida, do sexo consumado, da norma estabelecida

Como se os olhares não estivessem procurando outros, como se as mãos não encontrassem o toque do repouso, as pernas estivessem no período abundante, onde as quadras a se percorrer não te levassem a um lugar distante, e você usa o mesmo espaço para várias atos, atitudes para o mesmo dom, diversos ouvidos para um mesmo som, e só uma fúria, para quantos forem os motivos.

O tempo parece não te respeitar, as horas não querem te aniquilar, elas são a prova de que algum controle é possível exercitar, numa magia que não volta atrás mas nunca acaba, você não assimila, mas também não empaca, encontra falta de harmonia, mas segue a mesma cavalgada, com chicotes que martirizam as suas costas, ferraduras que machucam sua idéia, aspirações que delongaram uma odisséia, pra provar a ti uma compensação obsoleta, uma vaidade besta, num verbo direto sem presentes, com passado largo, futuro incerto, objeto simplório, mas nenhum trajeto, onde não há mapa, e casa sem teto, para que você possa olhar as estrelas, num mormaço escaldante, paisagem oscilante, entre a farra e o progresso, sem ordem ou sucesso, como qualquer outro josé, que acorda levantando e senta sem cansar, que escora na parede, e faz sem pensar, que já aceitou não ter janela, mas ainda abre a porta pra encontrar, qualquer recado ou cesta, que alguém queira lhe ofertar, quem sabe se eu encontro uma rua, onde mesmo sem pedrinhas, meu amor resolva passar, e quem sabe esse meu amor me chama, nem que for pra sentar na calçada, mas eu aceito até virar a esquina, e aquele viaduto cruzar, talvez do lado de lá, numa terra de chão firme, onde eu possa cavalgar, ferraduras tem outro significado, as luas respeitam os tetos, e eu possa lá morar.