
Uma simplicidade doce, contrapondo uma conclusão precoce, o engano do porvir se aventura, num contratempo tolo, que não entende o porque acontece, e simplesmente também não se esconde.
Do que adianta carregar certezas que só inventam lugares para estar, a minha verdade que abandonou a testa, agora corre perdida em becos, e não se localiza em nenhum olhar.
Eu sei que um dia mesmo assim eu era capaz, eu me recordo da época em que não havia você, e isso não me satisfaz, as lembranças nunca escolhem você para alegrar a minha memória, mas é você que escolho hoje para colocar no dia um pouco mais de glória, está certo que antes de você eu vivia, e talvez nunca houvesse existido este momento, e mudaria toda a história, mas quando olho para trás, vejo os grandes dias que mesmo assim construí, olho a realidade que hoje te trás de presente, e agradeço sinceramente, por você estar aqui.
Não sei porque ainda insisto em pintar tais cores com tonalidades de tanta confusão, não sei porque o que já está tão claro, ainda sente a necessidade de algumas gotas de escuridão, a hora que separa a noite do dia, não ignora a lua, mas também não atrasa o sol, que a todo e sempre está disposto na sua servidão, o céu que acolhe nuvens, a chuva que esfria ventos, os raios que deslocam os tempos, e no meu coração, a tempestade que afeta a mente, não se aconchega com qualquer companhia, e quando não é possível a sua, até prefiro solidão.
Quem disse que vive-se junto e morre-se sozinho, tá enganado, sozinho eu até estive da última vez que morri, sozinho eu permaneço ainda, de ontem para trás nos dias que sub-vivi, não é que ignoro a diferença sólida que você me trouxe, não sou desatento ao luxo extremo, que as horas se tornaram, quando a gente soube, eu insisto em acreditar que este significado tem autenticidade, eu pelejo para não duvidar que no contraponto também existe intensidade, mas o risco da verdade está guardada em sete chaves, uma suspeita de ilusão, será que a felicidade sustentada na dúvida, pode até não ser uma fuga, mas um resguardo da redenção ?
Talvez o que sobra é um espaço impreciso, mesmo eu não estando mais indeciso, o complexo resolveu caracterizar a naturalidade, os segundos das horas já não remam com tanta velocidade, já não está tão fácil conseguir contigo uma válida oportunidade, e o que eu sinto, não vai respeitar esta lacuna, pois é maior que a minha vontade, a minha testa e meus olhos que se danem, o sem juízo pode até ficar amargo, mas a nossa luz vai encantar outra morada, a fé atendida só se concretiza quando renovada, e num cisco de poeira do universo, mesmo que seje em outra vida, nossa plenitude coletiva, estará realizada.